Segundo o colunista Jamil Chade, do site UOL, Paris não fechou as portas para um tratado, mas para o governo Luiz Inácio Lula da Silva, impôs uma condição impossível: a inclusão de uma cláusula de salvaguarda para regular o comércio de produtos agrícolas brasileiros na Europa.
“O que Macron vai sugerir é que, caso haja mudança na legislação europeia sobre saúde, meio ambiente ou produção agrícola, o Mercosul adote regra semelhante para que o produto possa entrar na UE sem tarifas”, observa o comentarista.
Para garantir a aprovação dessa mudança, o governo francês intensificou uma manobra diplomática por meio da UE para obter votos suficientes para pressionar o Mercosul e impedir a aprovação do tratado em sua forma atual.
No entanto, destaca Chade, fontes de alto escalão em Brasília indicaram que a proposta é inviável e alertaram que a manobra sa não a de um pretexto para paralisar o acordo em busca de compensações.
A avaliação também indica que a UE não apresentou a exigência nas negociações com Estados Unidos, Índia e Indonésia.
Esta semana, Lula aproveitou sua visita à França para insistir que, ao assumir a presidência do Mercosul no segundo semestre, trabalhará para garantir que o acordo entre os dois blocos seja finalmente finalizado, 25 anos após o início do processo.
“Abra o coração”, pediu a Macron. As negociações entre o Mercosul e a UE foram concluídas no final de 2024, mas, para aprovação, os governos nacionais precisam votar.
A França alerta que, nas condições atuais, não aceitará o pacto. No entanto, poderá reconsiderar se suas preocupações, especialmente no setor agrícola, forem atendidas.
A pequena brecha aberta por Macron foi vista com otimismo no Mercosul. “É como se ele estivesse piscando e dizendo: ‘Estou pronto para negociar'”, itiu um diplomata.
Mas agora busca-se outra solução que não envolva as exigências de Paris, que o Mercosul considera intransponíveis.
Segundo Chade, o governo teme que “o mecanismo se torne um instrumento para fechar o mercado europeu da noite para o dia”.
Nos últimos anos, a França apresentou diversas propostas com a mesma intenção, sempre rejeitadas pelo Mercosul.
Na prática, o Brasil não precisaria da aprovação do Palácio do Eliseu para concluir o acordo. Pelas regras, Macron não tem votos suficientes no Conselho Europeu para impedir a entrada em vigor do pacto com o Mercosul.
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